quarta-feira, 30 de março de 2011

Deus e o diabo em um quarto sem sol

Tommy Lee Jones esteve em Onde os Fracos Não Tem Vez, filme dos Coen, adaptação mais exitosa de uma obra de Cormac McCarthy.
Ao que parece, a amizade entre os dois prosperou. Jones dirige e protagoniza, ao lado de Samuel L. Jackson, Sunset Limited, lançamento deste ano, um filme para televisão, produzido pela HBO.

O filme baseia-se em uma peça. Quem lê McCarthy percebe que além de sua capacidade de fabulista, de grande narrador, há dois aspectos muito importantes em seu texto. O ritmo. As descrições e o andamento da história remetem à estrutura cinematográfica. Os diálogos. Ágeis, curtos e, recurso sofisticadíssimo, ponto de virada para o narrador invísivel em terceira pessoa, passar o bastão da narrativa para um personagem conduzi-la por sua própria voz. A maestria do escritor está em nos ludibriar, em não percebermos esta mudança.

É na construção dos diálogos que McCarthy mostra uma ligação intensa com o teatro, com a carpintaria de cena. Ele escreve os seus diálogos com rubrica. Isto é, entre uma fala e outra, dá indicações de ações dos personagens.

Em Sunset Limited, que é baseado em uma peça de teatro do escritor, os personagens Black e White ficam trancados em um quarto. White fora salvo por Black de uma tentativa de suicídio. Nesse filme de quarto fechado, quem vai duelar são as palavras (aqui tem um texto interessante publicado no NY times) a fé entrará em conflito com a dúvida - Deus e o diabo em um quarto sem sol


Cormac McCarthy é um escritor que tem dentro de si um dramaturgo e um diretor de cinema.

terça-feira, 22 de março de 2011

Cormac McCarthy

Muita gente aqui, com certeza, assistiu a Onde os fracos não tem vez.
Além de ser uma produção que recebe a grife dos irmãos Coen, a película conferiu o primeiro Oscar a dupla, na categoria melhor diretor, além de receber o prêmio de Melhor Filme.
O que é interessante nisso tudo é no próprio romance o ritmo cinematográfico já existe.
Agora há um elemento biográfico a ser levado em conta.
Cormac McCarthy,que também é autor de teatro, escreveu na década de 1980 um roteiro para cinema.
O projeto não foi adiante.
O escritor transformou, em 2005, o roteiro em romance e deu-lhe o título de "No country for old man" - título retirado do verso de abertura do poema "Sailing to Byzantium", do poeta irlandês William Butler Yeats (  That is no country for old men. The young/ In one another's arms, birds in the trees).
No ano seguinte os Coen adaptaram a obra e, num daqueles encontros em que dois mestres de linguagens diferentes recriam suas fronteiras, fizeram um filme em que fidelidade significou menos asfixia e mais capacidade criativa dentro de códigos e limites.

Cormac McCarthy será o assunto de nosso primeiro encontro. Clube de Leitura da Paraíba. Yazigi, dia 9 de abril, sábado, a partir das 16 horas. A entrada é franca. É necessário apenas a vontade de conhecer novos escritores em língua inglesa e espanhola.